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A importância da Responsabilidade Social Corporativa (...)

Por Silvio Luiz Tadeu Bertoncello e João Chang Júnior

Em: http://www.responsabilidadesocial.com/artigo/a-importancia-da-responsabilidade-social-corporativa-como-fator-de-diferenciacao/

Trechos selecionados:

A IDEIA

De acordo com Montana & Charnov (1999), o grau de envolvimento da organização com as ações de responsabilidade social pode se dar em três níveis: (1) Abordagem da obrigação social: supõe ser o objetivo principal de uma empresa o sucesso econômico e que, portanto a empresa deveria meramente satisfazer as responsabilidades sociais mínimas impostas pela legislação. Stoner & Freeman (1994) apresentam o ‘argumento de Milton Friedman’, que diz que ‘Há uma, e apenas uma responsabilidade social das empresas: usar seus recursos e suas energias em atividades destinadas a aumentar seus lucros, contanto que obedeçam às regras do jogo e participem de uma competição aberta e livre, sem danos ou fraudes’. (2) Abordagem da responsabilidade social: supõe não serem as metas da empresa meramente econômicas, mas também sociais e que a empresa deveria destinar recursos para a realização dessas metas. Stoner & Freeman (1994) citam Keith Davis, que afirmou que ‘há uma férrea lei de responsabilidade afirmando que, em longo prazo, quem não usa o poder de modo que a sociedade considere responsável tende a perdê-lo’. (3) Sensibilidade social: supõe não ter a empresa apenas metas econômicas e sociais, mas que também precisa antecipar-se aos problemas sociais do futuro e agir agora para responder a esses problemas.

CONCEITOS

A seguir são apresentadas outras três definições de Responsabilidade Social Empresarial. A primeira do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, citada na obra de Melo Neto e Froes; (1999, p.87)

“Responsabilidade Social Corporativa é o comprometimento permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo”.

Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, […] agindo proativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela. A organização […] assume obrigações de caráter moral, além das estabelecidas em lei, mesmo que não diretamente vinculadas a suas atividades, mas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável dos povos. (ASHLEY, 2002, p.98)

“A responsabilidade social empresarial é o compromisso de contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável trabalhando em conjunto com os empregados, suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para melhorar sua qualidade de vida de forma que seja bom tanto para as empresas como para o desenvolvimento” (http://www.worldbank.org)

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A responsabilidade social corporativa

Ampliado e adaptado de:

https://www.linkedin.com/pulse/responsabilidade-social-afinal-o-que-%C3%A9-isso-alessandra-lazarin/

Um dos temas abordados no livro Permanecendo Vivos (“Staying Alive”) de Vandana Shiva, “a industrialização criou um apetite insaciável pela exploração de recursos, e a ciência moderna forneceu licença ética e cognitiva para tornar essa exploração possível, aceitável e desejável”. (...)

No cenário mundial vemos inúmeras transformações econômicas, políticas, sociais e culturais; (...) e novos modelos de relacionamento entre as instituições, governo, sociedade e organizações. Neste cenário verifica-se a aproximação dos interesses das empresas, sociedade e governo, em esforços multidisciplinares para cumprir, ou assumir objetivos agora compartilhados.

Os primeiros estudos voltados ao tema “responsabilidade social” tiveram início nos Estados Unidos, na década de 50 e depois na Europa, nos anos 60. Os trabalhos e manifestações iniciais foram considerados como assistencialistas e socialistas, percebemos este mesmo cenário em algumas empresas ainda nos dias de hoje. Em 1953, por intermédio do livro publicado por Howard Bowen “Social Responsabilities of the Businessman” é que o tema chamou atenção e ganhou visibilidade. Algumas associações iniciaram os estudos mais aprofundados e Responsabilidade Social passa a ganhar um novo campo de conquista e interpretações, tornando-se um fator decisivo para o desenvolvimento sustentável das empresas e dos demais stakeholders envolvidos.

Afinal o que é Responsabilidade Social? Ela refere-se ao cumprimento dos deveres e das obrigações dos indivíduos, governo e empresas para com a sociedade em geral, garantindo assim a continuidade das espécies, inclusive a humana, além da preocupação, para as empresas, de manter sua lucratividade e reputação.

A construção dos processos sus­ten­tá­veis implica em planejar e realizar ações que visam não somente a preservar os ecossistemas e a bio­di­ver­si­da­de, mas também a melhorar as condições so­cioe­co­nô­mi­cas das comunidades nas ­quais as empresas estão inseridas.

Exemplo: compensar uma comunidade pela “chegada” de uma empresa química na cidade, onde ela compra o terreno onde os indivíduos se reuniam para jogar futebol, ou que utilizavam para receber o circo. Ela precisa planejar uma “compensação” que beneficie tanto a organização quanto a comunidade, minimizando os impactos. A empresa pode chegar, e além de se beneficiar com mão de obra local, buscar relevância social em projetos que serão patrocinados pela companhia, atuando em questões como o acesso ao esporte, saúde, transporte, mobilidade, educação e cultura.

Por isso a responsabilidade social corporativa é um dos temas importantes na vida das empresas, ultrapassando a dimensão acadêmica, onde é também cada vez mais presente. As empresas estão sendo cada vez mais obrigadas por indivíduos e instituições, além do Estado, a ter uma postura ativa e transparente nesse novo cenário de negócios.

Trata-se de uma relação complexa que deve contemplar toda sua cadeia produtiva da empresa e, além dos cliente, toda a sociedade, indo, sempre que possível, além das obrigações legais.

Em virtude da importância e da atualidade do tema, a International Organization for Standardization (ISO) elaborou a norma 26000, definindo tópicos para esse conteúdo tão abrangente.

É uma norma do tipo “orientadora”, de adesão voluntária, que apresenta recomendações quanto a padrões, procedimentos e boas práticas em programas de sustentabilidade empresarial. Seu objetivo é traçar diretrizes para ajudar empresas de diferentes portes, origens e localidades na implantação e desenvolvimento de políticas baseadas na sustentabilidade.

 

A ISO 26000 selecionou temas importantes, envolvendo:

 

1) Governança;

 

  • Governança corporativa é um conjunto de boas práticas para aumentar a confiança das partes interessadas (investidores, acionistas, fornecedores, colaboradores, etc.) perante aos administradores de uma empresa. As práticas de governança são o sistema pelo qual as empresas e outras organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.

 

a - Transparência

Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização.

 

b - Equidade

Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas.

 

c - Prestação de Contas (accountability)

Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papeis.

 

d - Responsabilidade Corporativa

Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional, etc.) no curto, médio e longo prazo.

 

2) Práticas trabalhistas;

 

Como exemplo podemos mencionar no Brasil a Lei de Cotas para Deficientes, em vigor há três décadas, que, embora apresente resultados aquém do esperado, é reconhecida como uma conquista, tanto pelo governo como por entidades que atuam na defesa dos direitos de pessoas com deficiência. A legislação prevê que empresas com 100 ou mais funcionários tenham entre 2% e 5% de trabalhadores portadores de deficiência.  De 100 a 200 empregados, a reserva legal é de 2%; de 201 a 500, de 3%; de 501 a 1.000, de 4%. As empresas com mais de 1.001 empregados devem reservar 5% das vagas para esse grupo. As multas para instituições que descumprirem a legislação podem chegar a R$ 228 mil. A medida também inclui pessoas reabilitadas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

O tópico de práticas trabalhistas  inclui também preocupações com o trabalho escravo, inclusive nas organizações fornecedoras/ que fazem parte da cadeia produtiva.

3) Consideração pelas partes interessadas;

 

Apesar dos objetivos de uma organização poderem se limitar aos interesses de seus proprietários, conselheiros, clientes ou associados, outros indivíduos ou grupos podem também ter direitos, reivindicações ou interesses específicos que convém que sejam levados em conta. Coletivamente, esses indivíduos ou grupos compreendem as partes interessadas da organização.

 

Além dessas dimensões, a ISO 26000 elenca várias outras, todas de igual importância:

 

  • Direitos humanos;

  • Meio ambiente (a responsabilidade ambiental também é uma forma de responsabilidade social);

  • Práticas operacionais corretas (inclui preocupações com o ambiente de trabalho, saúde e segurança do trabalhador)

  • Responsabilidade com o consumidor (por exemplo, atendimento às demandas e fornecimento de informações claras e verdadeiras);

  • Envolvimento e desenvolvimento da comunidade;

  • Comportamento ético (geral, em todas as esferas e decisões da empresa, internamente e externamente);

  • Legalidade;

  • Normas Internacionais.

O trabalho do gestor agora deve ser também incluir essas práticas no planejamento estratégico das empresas, e conduzi-las com eficiência e eficácia, sem perder o foco nos objetivos do negócio. Os instrumentos de marketing social e cultural funcionam tanto como para a execução quanto para a divulgação das ações feitas nesse sentido.

O trabalho do gestor agora deve ser também incluir essas práticas no planejamento estratégico das empresas, e conduzi-las com eficiência e eficácia, sem perder o foco nos objetivos do negócio.

 

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