WANDERLEY NOVATO
TEXTO 1
O Ciclo do carbono
Ciclo do carbono é o processo de circulação e transformação do carbono através do solo, do ar, da água e dos seres vivos. Tendo em vista que a quantidade de carbono na Terra é fixa, o ciclo do carbono reaproveita o elemento, movimentando-o pela natureza. Este ciclo é classificado como um processo biogeoquímico, ou seja, que envolve a participação simultânea de seres vivos e do meio ambiente.
O ciclo do carbono é considerado essencial para a existência de vida no planeta uma vez que o elemento está presente em todos os organismos vivos. O ciclo do carbono não possui início ou fim. Todas as suas etapas ocorrem simultaneamente através dos seus principais componentes: atmosfera, biosfera terrestre, oceanos e o interior da Terra. Vejamos o funcionamento do ciclo em cada um desses ambientes.
Ciclo do carbono na atmosfera
O carbono está presente na atmosfera em duas formas: dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). O primeiro, mais conhecido como gás carbônico, entra na biosfera terrestre e nos oceanos através da chuva e, principalmente, através da fotossíntese (processo químico através do qual as plantas absorvem o gás para produzir glicose). Além disso, o gás carbônico também sai da atmosfera quando se dissolve diretamente ao entrar em contato com grandes quantidade de água como oceanos, rios e lagos.
Ciclo do carbono na biosfera terrestre
A biosfera terrestre contém o carbono orgânico de todos os seres vivos e o carbono presente no solo. Como dito acima, as plantas absorvem o gás carbônico da atmosfera através da fotossíntese. Esse carbono armazenado nas plantas é repassado para outros seres vivos ao longo de toda a cadeia alimentar ou transferido ao solo após a decomposição da planta. No sentido contrário, o carbono é devolvido à atmosfera através da respiração (quando os seres vivos inspiram oxigênio e expiram gás carbônico) e da queima de combustíveis fósseis (combustíveis de origem natural, ricos em carbono). Com relação ao solo, o carbono recebido pela chuva e pela decomposição de plantas e animais é devolvido à atmosfera através de um processo chamado respiração do solo, que consiste, na verdade, na respiração de organismos como fungos, bactérias, raízes, micróbios, etc. Em um processo mais lento, o solo também transfere carbono aos oceanos através da erosão.
Ciclo do carbono nos oceanos
Como mencionado anteriormente, o carbono presente na atmosfera se dissolve diretamente ao entrar em contato com grandes quantidades de água como oceanos, rios e lagos. Por esse motivo, a superfície dos oceanos é extremamente rica em carbono inorgânico, que é transformado em orgânico através da fotossíntese e finalmente repassado pela cadeia alimentar (inclusive para fora dos oceanos). O gás carbônico que não foi utilizado na fotossíntese (e consequentemente não entrou na cadeia alimentar) permanece no oceano e, com o tempo, se transforma em carbonato de cálcio presente nas conchas de organismos marítimos. Com a sedimentação dessas conchas, o carbonato de cálcio dá origem ao calcário.
Ciclo do carbono no interior da Terra
A maior parte do carbono da Terra está armazenado na sua litosfera (camada mais exterior do planeta) desde a sua formação, na forma de calcário. Essas rochas podem ser transformadas em gás carbônico através de erupções vulcânicas ou de pontos quentes (hotspots). Além disso, o carbono pode deixar o interior da Terra através da extração direta de combustíveis fósseis pelo homem.
A importância do ciclo do carbono
O ciclo do carbono é um dos processos naturais mais importantes na Terra. Considerando que o processo reutiliza a quantidade fixa de carbono presente no planeta, é seguro dizer que o ciclo se trata de um dos principais responsáveis pela manutenção da vida na Terra. Além disso, tendo em vista que o gás carbônico é o principal causador do efeito estufa, o entendimento sobre o ciclo do carbono ajuda na compreensão deste fenômeno e consequentemente do aquecimento global. Vale ressaltar também que o ciclo do carbono está intimamente relacionado à disponibilidade de outros elementos na natureza, a exemplo do oxigênio, que só é liberado com a fotossíntese após a absorção de gás carbônico pelas plantas.
Em: https://www.significados.com.br/ciclo-do-carbono/
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TEXTO 2
PRECIFICAÇÃO DO CARBONO
Precificar o carbono significa atribuir um custo aos impactos gerados pelo aumento de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, causados pela queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra para a produção de insumos, manufatura, distribuição e consumo desses produtos. As duas formas mais discutidas de precificação do carbono são o mercado de carbono e a tributação das emissões.
Atribuir um preço ao carbono é fundamental para viabilizar os trilhões de dólares necessários à transição para uma nova economia, conforme preconiza o Acordo de Paris. Pelas suas vantagens comparativas, o Brasil tem condições de ser protagonista nesse processo, como ocorreu durante as negociações do Acordo de Paris em 2015, em que o nosso país ocupou posição de destaque.
Em: http://cebds.org/cop22/precificacao-de-carbono/
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A precificação do carbono já é realidade em várias partes do mundo.
1) É simples
Geralmente, o preço que pagamos em bens de consumo não refletem os respectivos impactos que eles causam ao meio ambiente. Isto é o que chamamos de externalidades.
A precificação do carbono resolve isso de maneira simples, com as duas principais opções: a taxação de carbono, onde as empresas pagam impostos sobre o carbono emitido, e o mecanismo chamado de “Cap and Trade”, onde é definido um “teto” de emissões permitidas. Empresas que ultrapassam esse teto podem negociar créditos com empresas que deixaram de atingir esse limite. Ambos os métodos incentivam as empresas a desenvolverem medidas de redução de emissões e, consequentemente, de custos.
2) Quem se adapta cedo tem vantagens
Algumas empresas grandes, como Google e Microsoft já estão usando uma precificação interna de carbono, para se adaptarem, conseguirem investimentos e se prevenirem para futuras regulamentações. Estas empresas estão se preparando para obrigações futuras e migrando de forma positiva para uma economia de baixo carbono.
3) Investimento em carbono pode ser rentável
Empresas podem gerar lucros investindo em medidas de eficiência energética e uso de fontes alternativas, reduzindo custos, emissões e o impacto da precificação de carbono.
4) O mercado está crescendo
A busca pela precificação de carbono está crescendo. Cada vez mais países estão estabelecendo metodologias de precificação. Esses novos sistemas cobrirão ao todo 12% de todas as emissões, resultando num aumento do mercado de produtos e serviços de baixo carbono
5) A precificação serve de apoio ao crescimento da economia
A economia de baixo carbono promovida pela precificação contribui para o desenvolvimento e crescimento econômico dos países, com a geração de empregos e novas oportunidades de negócios. Na Suécia, a taxação de carbono foi introduzida no começo dos anos 90 e, de la pra cá, o PIB do país apresentou um crescimento de 60%, acompanhado de um decréscimo de 21% das emissões.
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TEXTO 3
Economia de Baixo Carbono
Vivian Andrade
Em: https://blog.waycarbon.com/2017/06/passos-para-economia-de-baixo-carbono/
Economia de baixo carbono: o que é?
A economia de baixo carbono é uma economia que pretende reduzir os impactos sobre o meio ambiente, gerando emprego e desenvolvimento. Em especial, busca reduzir drasticamente as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), ampliar a produção e o consumo de energias limpas e atingir ganhos de eficiência energética e produtiva. A construção da competitividade das empresas em uma economia de baixo carbono se encontra no uso racional dos recursos naturais, na renovabilidade da matriz energética e na circularidade da produção. Portanto, no centro da economia de baixo carbono está a inovação dos processos produtivos e as soluções tecnológicas capazes de reduzir os impactos sobre o planeta.
Algumas empresas vêm integrando estes aspectos em suas estratégias corporativas, adotando medidas eficazes para reduzir as emissões de CO2. Por exemplo, uma iniciativa global chamada We Mean Business agrega atualmente 757 empresas que se comprometeram a agir para reduzir as suas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) por meio de ações tangíveis e da comunicação dos resultados alcançados.
Internacionalmente, um importante passo para consolidar uma economia de baixo carbono foi o Tratado de Paris, firmado em 2016 durante a 21ª Conferência das Partes (COP 21) da UNFCCC, em que líderes mundiais definiram o objetivo de reduzir as emissões de GEE para limitar o aquecimento global em 2ºC. Países como Austrália, Nova Zelândia e alguns integrantes da União Europeia são protagonistas na transição para uma economia de baixo carbono. O Brasil, país detentor de uma grande biodiversidade e reconhecido por gerar a maior parte de sua energia através de fontes renováveis, também possui um papel importante na construção dessa economia.
Os resultados da transição para uma economia de baixo carbono já começam a ser observados. Apenas nos Estados Unidos, o setor de energias renováveis vem criando empregos 12x mais rápido que os demais setores da economia segundo estudo da Environmental Defense Fund (EDF). No mundo, o setor de energias renováveis empregou em 2016 8,1 milhões de profissionais. Os países com o maior número de empregos no setor são China, Brasil, os Estados Unidos, Índia, Japão e Alemanha. Na base desse crescimento está o rápido declínio dos custos de geração da energia solar fotovoltaica e eólica.
Apesar dos obstáculos, construir uma economia em que os impactos sobre o meio ambiente sejam menores é possível. Conseguimos listar cinco passos importantes para que as empresas possam contribuir para uma economia de baixo carbono, saiba quais são eles:
1. Tecnologias limpas e energias renováveis
Tecnologias limpas, também chamadas Clean Tech, permitem ganhos de eficiência, trocas de combustíveis e, em alguns casos, a substituição completa de processos emissores. Por exemplo, na indústria brasileira sistemas de automação, sensoriamento e robótica (Indústria 4.0) têm potencial de ganhos de eficiência energética entre 10% e 25% sem demandar elevados investimentos de capital ou alterações de processo. Ainda, sistemas eficientes de combustão, sistemas de recuperação de calor, tecnologias de recuperação de vapor e fornos mais eficientes têm grande potencial de redução de emissão na indústria e apresentam ganhos de redução de custo e segurança operacional.
Além das tecnologias limpas, as fontes renováveis de energia são fundamentais para alcançarmos a estabilização dos níveis de GEE na atmosfera. O Brasil é líder na produção de eletricidade de fontes renováveis e na bioenergia, em especial o etanol. Fontes renováveis não convencionais, como eólica e solar, vem ampliando sua participação rapidamente devido, principalmente, a redução de custos destas fontes. Entre 2010 e 2015, a geração eólica apresentou queda de 30% nos custos de geração e a solar 65% de redução, segundo a Agência Internacional de Energia. Até 2021, espera-se uma redução de custo adicional de 15% em sistemas eólicos e de 25% em sistemas fotovoltaicos.
Já a bioenergia, um tipo de energia renovável produzida a partir de biomassa, também apresenta grande potencial na economia de baixo carbono. O etanol (álcool), que é produzido a partir da cana-de-açúcar, e o biodiesel, que vem de sementes oleaginosas, como a soja e mamona e da gordura animal, são exemplos de biocombustíveis. No Brasil, a geração de eletricidade a partir de resíduos de biomassa, como o bagaço da cana-de-açúcar, também é uma fonte importante de geração renovável de energia.
Atualmente, a demanda por novas opções energéticas é notável. Considerando a crescente restrição para uso das reservas de petróleo, recurso não renovável, e a necessidade de reduzir as emissões dos GEE, a bioenergia pode se tornar a grande fonte de energia alternativa do planeta.
2. Produção circular
Outra tendência importante na economia de baixo carbono é a produção circular. Popularmente chamada de economia circular, o conceito envolve a reutilização de resíduos, de gases e de energia fechando o circuito produtivo na indústria. Aplicar conceitos de produção circular implica em menor consumo de recursos naturais e na maior eficiência dos processos, com consequente redução de custo e dos impactos ambientais.
Por exemplo, uma avaliação da Fundação Ellen Macarthur estima que, na Europa, sistemas produtivos circulares deverão faturar EUR 1,8 trilhões até 2030 em comparação a receitas de EUR 900 bilhões em uma economia linear. Há, no Brasil, um grande mercado a ser explorado, uma vez que apenas 2% dos resíduos retornam à cadeia produtiva.
3. Eficiência no Transporte
O Setor de Transporte é o que mais cresce em emissões no Brasil. O aumento da frota de veículos leves e a demanda logística para o transporte de carga continuarão se expandindo, o que demandará sistemas de transporte mais eficientes. O setor possui tradição rodoviária no Brasil, o que implica em um grande desafio para usos de meios de transporte mais eficientes, como o ferroviário e o aquaviário.
Por um lado, a tecnologia flex-fuel está presente em 88% da frota de veículos leves permitindo que o maior consumo de biocombustíveis contribua para reduções de emissão. Contudo, em uma economia de baixo carbono, o setor de transporte precisará ampliar o uso de modais de transporte mais eficientes. Por exemplo, o transporte de carga por ferrovias emite 2,9 vezes menos por tonelada transportada em comparação ao transporte rodoviário.
Outra tendência importante para o setor é a eletrificação. Em veículos leves, a eletrificação permite maior eficiência energética e o uso de uma energia mais limpa, principalmente no Brasil. Para o transporte de carga o impacto também é importante, por exemplo, a eletrificação de ferrovias pode reduzir o consumo energético entre 19% e 33%.
4. Reflorestamento
As florestas são elementos fundamentais na economia de baixo carbono. Atualmente, grande parte das emissões mundiais, e a maior parcela das emissões de GEE do Brasil, tem origem no desmatamento e na degradação das florestas. Além do impacto climático, a perda da cobertura florestal implica em outros danos ao meio ambiente, como a erosão, a redução da biodiversidade, alterações no microclima e nos sistemas hidrológicos. O controle do desmatamento é um desafio importante para a economia de baixo carbono. Apenas na Floresta Amazônica brasileira, houve aumento de 29% na taxa de desmatamento entre 2015 e 2016.
Entre os compromissos do Brasil no Acordo de Paris está o reflorestamento e restauro de 12 milhões de ha. O crescimento da vegetação incorpora carbono nos troncos, galhos, folhas e raízes das plantas, realizando o que chamamos de sequestro de carbono. Esse processo aumenta a absorção de CO2 da atmosfera, o que o torna essencial para o combate ao aquecimento global. Para termos uma ideia da importância do reflorestamento, de acordo com um estudo feito pelo Instituto Totum e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), é estimado que cada árvore da Mata Atlântica absorva 163,14 kg de gás carbônico (CO2) durante seus primeiros 20 anos de vida.
A ampliação da área de florestas permite também o desenvolvimento de atividades econômicas de base florestal. Avanços tecnológicos têm permitido o uso de biomassa para a produção de biomateriais, bioquímicos, bioresinas e a ampliação do uso energético de biomassa sólida. Por exemplo, a Europa observou uma expansão de 45% no mercado de bioplásticos. Estima-se que mercado global de produtos químicos de origem biológica atinja EUR 515 bilhões nos próximos 5 anos.
5. Valoração do carbono e dos serviços ecossistêmicos
Outra forma de combater as mudanças climáticas é ampliar os mecanismos de valorização econômica do carbono e dos serviços ecossistêmicos. A valoração dos ativos ambientais, como o carbono e a biodiversidade, permite que as empresas considerem estes ativos em sua tomada de decisão. Um preço de carbono, por exemplo, permite que empresas avaliem potenciais custos e receitas de carbono associados a um investimento.
Na economia de baixo carbono, instrumentos de precificação são amplamente adotado por governos e empresas. Atualmente, 40 jurisdições (países, estados e províncias) adotam um preço de carbono e mais de 750 empresas utilizam um preço interno de carbono para tomar decisões de investimento.
Já a valorização dos serviços sistêmicos está relacionada a mecanismos de pagamento pelos serviços ecossistêmicos de diversos biomas, que estabelecem um valor para os bens e serviços que nós obtemos diretamente ou indiretamente dos ecossistemas, como água, preservação do solo, polinização feita pelas abelhas e preservação da biodiversidade. Os sistemas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) permitem que quem preserva e garante tais serviços naturais possa receber uma remuneração por isso. No Brasil, o Programa Produtor de Água do Governo Federal, possui mais de 20 projetos ativos de PSA, impactando 1.200 proprietários rurais e cobrindo uma área de mais de 40 mil ha.
A transição para uma economia de baixo carbono permitirá a preservação dos sistemas naturais e humanos para as próximas gerações. Diferentemente do que muitos pensam, a economia de baixo carbono não trata apenas da preservação do planeta, mas também da criação de oportunidades econômicas para a atuação do setor privado. A tendência de descarbonização das economias é clara e muitos países já se mobilizaram em prol da criação de medidas capazes de reduzir os impactos gerados pelos GEE, incluindo o Brasil.
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