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Diversidade: inclusão ou estratégia?

Em: http://hbrbr.uol.com.br/diversidade-inclusao-ou-estrategia/

Fernanda Borin, Priscila Fieno e Bernardo Sampaio

Harvard Business Review, outubro de 2015

Sempre que começamos uma conversa sobre o tema Diversidade, o mais comum é surgirem ideias e argumentos defendendo a importância da inclusão.

A primeira inferência, portanto, é a de que valorizar as pessoas, independentemente de condição social, condição sexual, etnia, credo, etc., é uma questão ética, de respeito ao ser humano.
Em uma empresa não é diferente. No âmbito corporativo também não podemos negar a relevância da ética e do respeito que a palavra diversidade traz na sua essência. E se não se tratar, contudo, apenas de respeito ou de ética, mas também de resultados de negócio, de mais dinheiro no bolso do acionista?

No Brasil, poucas empresas inserem a diversidade na pauta de sua agenda estratégica. Um estudo com 170 empresas realizado pelo Hay Group no Brasil identificou que apenas 5% procuram saber como seus funcionários percebem o ambiente de diversidade no dia a dia de trabalho. Quando olhamos para países com economias mais maduras, como Estados Unidos e países da Europa, esse número salta para 20%. Mas por que a diversidade é um tema relevante para os negócios?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Porque ter a diversidade como um tema relevante para a organização colabora para um ambiente em que as pessoas são mais incentivadas e têm mais abertura para ideias novas, conseguindo assim buscar soluções diferenciadas para problemas do dia a dia. Aproximadamente 76% dos funcionários das empresas que se preocupam com a diversidade reconhecem que têm espaço para expor suas ideias e inovar no trabalho. Já nas empresas que não têm a diversidade como pauta da agenda, esse número cai para 55%.

O reflexo do investimento em diversidade tem impactos em outros temas importantes. Colaboradores que percebem a diversidade como um ponto positivo dentro da empresa são mais motivados, entendem que, ao se esforçarem mais, trazem um ganho para a companhia e para seu desempenho individual. Nossa pesquisa revelou que nas empresas onde o ambiente de diversidade é reconhecido, os funcionários estão 17% mais engajados e dispostos a ir além de suas responsabilidades formais do que nas empresas em que esse ambiente não é incentivado.
Um ambiente com diversidade e abertura às diferenças também faz com que os conflitos, que muitas vezes atrapalham a produtividade e a eficiência, sejam menos frequentes. Nosso estudo mostra que nas empresas onde a diversidade é reconhecida e praticada, a existência de conflitos chega a ser 50% menor que nas demais organizações.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Porém esse ambiente de abertura e incentivo à diversidade, que abre espaço para inovação e incentiva o alto desempenho, não acontece sem o envolvimento da liderança. Os líderes são os catalisadores desse ambiente mais aberto, produtivo e eficiente. Nas empresas nas quais os gestores são mais bem avaliados por seus empregados, o ambiente de alto desempenho e efetividade também é maximizado em 20%. Um líder dirigente e visionário, que transmite mensagens de forma clara, que se preocupa com o desenvolvimento de sua equipe, incentiva e reconhece o ambiente de diversidade, faz com que as pessoas tenham suas diferentes habilidades aproveitadas da melhor forma, gerando, assim, melhores resultados para a organização. Esses líderes e funcionários motivados, juntos, conseguem maximizar a eficiência da empresa.

Essa eficiência se reflete não apenas no desempenho das pessoas, que é 50% maior do que as demais. Também fica evidente no desempenho financeiro: organizações com funcionários mais motivados têm sua receita líquida crescendo 4,5 vezes mais do que as demais, conforme mostram os dados dos cinco últimos anos de pesquisa de clima do mercado realizada pelo Hay Group, entre os anos de 2010 a 2014.

 

Bons exemplos a seguir


Uma empresa de grande porte do setor de varejo de cosméticos e produtos de beleza é um excelente caso de sucesso no que se refere à diversidade. A empresa valoriza e incentiva esse ambiente de abertura às diferenças e isso se reflete em um bom ambiente de trabalho: 77% dos colaboradores estão engajados e têm o suporte da organização, de acordo com pesquisa realizada em 2014 (evolução de 4% em relação a 2012). Os resultados financeiros também acompanham esse crescimento: 17% de aumento de receita líquida de 2013 para 2014 e aumento de 5% de lucro operacional no mesmo período.

Outro exemplo significativo da diversidade influenciando o resultado do negócio é o do grupo Saint-Gobain. Com uma história de 350 anos, sendo 78 deles no Brasil, a empresa aposta no pilar diversidade para conquistar resultados nos 66 países onde atua. A movimentação de profissionais entre as diversas plantas no mundo é estimulada e, para incentivar a troca de experiências, o grupo dissemina em seus princípios, valores e competências a consciência sobre a diversidade. A presença de pessoas com diferentes bases culturais e mindset variados contribui para um olhar sem fronteiras sobre possibilidades de negócio.

 

O modelo de competências do grupo Saint-Gobain conta com um orientador muito claro relacionado à diversidade. Trata-se de uma competência direcionada aos líderes e que enfatiza o comportamento esperado de respeito, abertura e encorajamento à diversidade, fomentando a capacidade de trabalhar de forma efetiva com pessoas de diferentes background e culturas. Dessa forma, esses líderes têm a missão de transformar o rumo dado à competência em comportamentos concretos e práticos no dia a dia. É assim que uma competência se torna viva e traz significado e resultado para os colaboradores. Os líderes têm como premissa promover e incentivar a diversidade no local de trabalho, certificando-se de que qualquer forma de diversidade seja abordada com respeito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esse tema é reforçado na pesquisa de clima, com questões específicas sobre diversidade e como os colaboradores percebem sua prática no ambiente de trabalho. A diversidade também está presente em comitês de desenvolvimento de pessoas e treinamentos, como integração e temas relacionados à gestão de pessoas.

Além disso, a diversidade é uma forte alavanca para fomentar a inovação, elemento central da estratégia das organizações. Quanto maior for a diferença de background, origem e cultura dos profissionais, maiores são as chances de que o ambiente provoque a inovação. As movimentações frequentes de expatriados são bons exemplos de como a empresa valoriza diferentes formas de pensar. Como resultado, o grupo Saint-Gobain já foi incluído quatro vezes no ranking Top 100 Global Innovators, que indica as 100 melhores empresas para trabalhar ao redor do mundo.
Esses exemplos mostram a importância do investimento em diversidade no ambiente corporativo. Esse investimento se reflete não apenas no bem-estar dos colaboradores, mas principalmente em sucesso financeiro para as organizações. Assim, que incluir a diversidade como pauta da agenda estratégica é um excelente caminho para maximizar os resultados e diferenciar a empresa em temas relevantes como inovação, motivação, liderança e, consequentemente, resultados financeiros.

Fernanda Borin, Priscila Fieno e Bernardo Sampaio são consultores do Hay Group

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