WANDERLEY NOVATO
Problemas na Fábrica de Biscoitos
A sra. Lucilena cozinhava muito bem, mas foi a crise econômica que a obrigou a abrir sua fábrica de biscoitos. Ela começou sozinha, mas os pedidos cresceram tanto que ela logo foi obrigada a contratar duas auxiliares, depois mais três, e logo eram doze pessoas – homens e mulheres - que trabalhavam em sua casa, a “Fábrica”, em que a sala foi reformada para se transformar em uma grande cozinha. Todas os funcionários foram selecionados em virtude de saber cozinhar, mas logo ficou patente que seria mais produtivo que se concentrassem em tarefas específicas. Assim um ficava encarregada apenas de bater a massa, outro de misturar ingredientes, e assim por diante.
Era evidente que o trabalho de cada pessoa dependia do das outras – e logo os problemas começaram a surgir. Jucimara se queixava da lentidão com que o produto final chegava até ela, que cuidava do forno; Juliana se queixava de trabalhar mais que todo mundo – uma lista interminável. Todos se queixavam também dos salários.
A sra. Lucilena estabeleceu então padrões de produtividade e bônus para quem atingisse cada patamar. Cuidou também de equilibrar a distribuição do trabalho, para que todos trabalhassem o mesmo tanto – e dizia que a empresa deveria funcionar “como um relógio”. As pessoas foram divididas em linhas específicas – produção de pães, biscoitos, bolos, relativamente autônomas. Havia agora uniformes e ninguém devia conversar muito, nem oferecer novas ideias; ao contrário, o foco no trabalho é que iria gerar resultados; assim, quando a fábrica estivesse estabilizada no mercado os salários também iriam aumentar – essa era a promessa. Ela abriu mão de gerenciar as atividades da produção para se dedicar aos contatos e ao crescimento do negócio; por isso contratou uma gerente de 25 anos, recentemente formada em Administração, que mal sabia cozinhar – mas que, além de “saber tudo de administração”, era muito gentil e educada. Apesar disso, a Fábrica logo foi apelidada pelos funcionários de “Relógio dos Doidos”.
Por isso a surpresa da sra. Lucilena não foi tão grande, quando, dois meses depois dessas alterações, Alberto e Janice – em nome dos empregados - disseram a ela que queriam fazer algumas reivindicações... Eles alegavam que estavam ficando muito cansados, e que “também queriam viver”, além de trabalhar. Eles se queixavam de várias coisas: uma delas era a padronização dos instrumentos de trabalho, uma vez que estavam acostumados, em suas casas, a trabalharem com seus próprios utensílios. No início, Lucilena permitia até que levassem para a Fábrica as suas colheres e facas “de estimação” – mas depois proibiu, porque queria a padronização total das tarefas e dos produtos. O fato da empresa ter perdido a sua atmosfera até “familiar” contribuía para piorar o clima organizacional.
O fato de uma das linhas (a de pães) ser mais produtiva levava também à diferenciação nos que recebiam no final do mês – o que causava desconforto, e algumas pessoas queriam “trocar de linha”. E D. Jandira, a mais velha, disse que estava cansada de fazer todos os dias a mesma coisa, só fritar um tipo de biscoitos – ela, que era considerada uma cozinheira do mesmo nível que a própria sra. Lucilena. Na verdade, essa reclamação não era só dela; passar o dia inteiro descascando frutas não era, de fato, uma coisa muito interessante. O ambiente era de desconfiança; um funcionário disse que “só mesmo alguém muito ingênuo poderia acreditar que os salários aumentariam algum dia”. A gerente passou a ser vista como uma pessoa muito autoritária, “disfarçada de boazinha” e até ela, sra. Lucilena, passou a ser mal vista por muitos.
Apesar dos bons resultados financeiros que estavam sendo gerados pelos muito pedidos, a sra. Lucilena estava confusa, e nunca tinha pensado que enfrentaria problemas assim. Considerava os funcionários e funcionárias pessoas amigas, e gostaria até de aumentar os salários – mas tinha ainda muitas dívidas a pagar, que tinha contraído para começar e ampliar os negócios.
Ela não tinha experiência em gestão, e procurou um amigo. Ele disse que o que ela estava implementando era um tal de “taylorismo”, e que isso era muito bom, mas que ela deveria identificar e especificar os problemas antes de procurar as soluções. Segundo ele, o taylorismo gerava bons resultados, mas também criava muitos problemas(1). Mas ela leu na internet que o taylorismo estva superado, ´por ser algo "do seculo passado"(2). Amigos diziam que ela deveria insistir e que "amizade e negócios não combinam; cumpra a lei e quem não gostar do sistema, saia, e deixe lugar para outros" (3). Mas ela mesmo pensava que talvez estivesse sendo muito fria e até egoísta (4).
Analise todos os quatro pontos de vista acima colocados; identifique os problemas e sugira soluções...
Ajude a sra. Lucilena a resolver os problemas da Fábrica !